Eritema na Perna

SUBJECTIVO
Mulher de 35 anos de idade que recorre ao seu Médico de Família por eritema na face anterior da perna esquerda, muito doloroso, acompanhado por artralgias ao nivel do maleolo externo homolateral, fadiga, mal estar e sensação de falta de ar ou desconforto torácico. A doente nega infecções da orofaringe ou outras doenças conhecidas, nos mêses anteriores ao aparecimento do eritema. Nega alergias a medicamentos e refere que não toma qualquer medicação há mais de um ano.

OBJECTIVO
Do exame objectivo apenas se salienta a observação de 4 ou 5 pequenos nódulos dolorosos, com maior diâmetro entre 2 e 3cm, na região do eritema.

AVALIAÇÃO
A erisipela foi colocada como hipótese de diagnóstico mais provável.

PLANO
Plano de Tratamento
Medicação para os próximos 15 dias com flucloxacilina cáp. de 500mg, 1 cáp. de 8/8 horas e nimesulida comp. de 100mg, 1 comp. de 12/12horas.
Plano de Avaliação
Requesita-se:
Hemograma completo
Bioquimica sangue
Urina II
Rx tórax PA e Perfil
Plano de Seguimento
Volta á consulta, com os resultados dos exames auxiliares de diagnóstico, dentro de 15 dias.

 

1. Passados 15 dias a doente refere melhoria da dor, com a nimesulida, mas o eritema manteve-se e até agravou, para a outra perna, desde o primeiro dia, com as mesmas caracteristicas.
   Os resultados dos exames auxiliares de diagnóstico foram:
   No RX Tórax apenas se salienta adenopatias hilares bilaterais.
   Nas análises apenas se salienta velocidade de sedimentação está muito elevada.
   Os restantes exames foram normais.
   
   Quais as hipóteses de diagnóstico colocadas?
   1.   Erisipela (com resistência aos antibióticos)
   2.   Eritema nodoso
   3.   Tromboflebite superficial
   4.   Outras( como vasculite, eritema multiforme, necrose lipídica, reacção a picada de insecto, etc.)
2. Considerando o eritema nodoso e no RX tórax, as adenopatias hilares bilaterais; foi colocada a hipótese diagnóstica de Sarcoidose. Quais os novos exames complementares de diagnóstico que serão agora requesitados?
   1.   Serologia para HIV, Prova de Mantoux, Doseamento da TASO; Calcémia; Exsudado e cultura da orofaringe,
   2.   Ecografia Abdominal
   3.   Todos os exames aqui referidos.
   4.   ECG
   5.   Doseamento da ECA (Enzima Conversora da Angiotensina)
   6.   Espirometria
3. A enzima conversora da aingiotensina(ECA) estava elevada, todos os outros exames estavam normais. O Médico de Familia colocou o diagnóstico de Sarcoidose no Estádio I e, para acelerar o estudo da doença, enviou a doente á consulta hospitalar de Pneumologia que foi realizada passados 3 mêses.
   Que fez o Pneumologista?
   1.   Repetiu os exames auxiliares de diagnóstico.
   2.   Repetiu a colheita dos dados de anamnese, o exame objectivo e os exames auxiliares de diagnóstico incluindo broncofibroscopia com lavagem broncoalveolar e biopsia pulmunar transbrônquica.
      Pediu também a observação pelas especialidades de ftalmologia e dermatologia.
   3.   Repetiu o exame objectivo.
   4.   Devolveu a doente ao Médico de Familia informando que esta doença não é apenas da Pneumologia.
4. A doente referiu melhoria espontanea com remissão completa dos seus sintomas e todos os parametros do exame objectivo, dos exames auxiliares de diagnóstico e das especialidades consultadas estavam normais.
   
   Que fez o Pneumologista?
   1.   Decidiu seguir a doente marcando consulta para os próximos 3 mêses.
   2.   Reenviou a doente ao seu Médico de Familia com um relatório detalhado sobre os resultados dos exames auxiliares e consultas efectuadas no hospital.
   3.   Requesitou novos exames auxiliares de diagnóstico.
   4.   Instituiu tratamento com glucocorticoides; prednisolona 20mg/dia, e posterior reavaliação dentro de 1 mês.
5. O Médico de Familia recebeu a doente com a comunicação do Pneumologista informando que todos os exames efectuados no hospital assim como as consultas das especialidades requeridas foram negativos.
   Que fez o Médico de Familia?
   1.   Requesitou novos exames auxiliares de controlo.
   2.   Colheu os dados de anamnese, realizou o exame objectivo e agendou nova consulta para os próximos 6 meses.
   3.   Informou a doente que esta estava curada e não deveria voltar a preocupar-se com a doença.
   4.   Agendou nova consulta para o próximo ano.
   5.   Requesitou o doseamento da ECA, Rx tórax e Espirometria para a próxima consulta dai a 6 meses.